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"Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito..."

domingo, 20 de junho de 2010

A "pátria das chuteiras"

Bandeirinhas penduradas nos carros, nas varandas das casas, nas ruas das cidades. Rostos pintados de verde e de amarelo e uma paixão comum que pára uma nação. Assim fica o Brasil durante a Copa do Mundo. Milhões acompanham os jogos, sofrem, gritam, torcem, agradecem as conquistas. Durante os 4 anos de intervalo até que esse momento se repita, jamais se canta o hino com tanto louvor e orgulho.


Durante a Copa, reunimo-nos para torcer pela seleção, ainda que sejamos de times rivais, de etnias diferentes. urioso é como o esporte tem esse poder de propiciar a coesão social. O futebol tem uma significação social e cultural muito forte no Brasil, sendo praticamente um retrato da nação no exterior. As expectativas de uma nação estão voltadas para a conquista do hexacampeonato, feito que confirmará a nossa posição singular no cenário esportivo mundial. Símbolo da identidade cultural de um povo, não creio que em outro país do mundo o mesmo tenha tanta importância como a que possui aqui.


Em décadas passadas, o futebol passou a ser uma "bomba propulsora" do nacionalismo, o que foi muito bem utilizado por Mussolini e por Médici [Copa de 70: "Pra frente Brasil, salve a seleção"]. No entanto, ainda que o futebol faça surgir um efêmero sentimento de unidade nacional, indigno-me com o fato de que a paixão sem limites de muitos torcedores os levam a matar e a morrer por seus times, casos que estou cansada de ver nos noticiários após partidas de times tradicionalmente rivais. Curiosamente, Honduras e El Salvador chegaram até mesmo a declarar uma Guerra do Futebol, episódio militar de 4 dias durante a Copa de 70.

Há pouco, eu estava assistindo a um programa e uma indagação foi feita pelo jornalista aos seus convidados: Por que não vemos tamanho êxtase ou mobilização popular durante a Semana da Pátria? Por que as festas cívicas do Estado não conseguem efeito semelhante? Cadê o nosso nacionalismo/patriotismo no período entre-Copas?

Depois de agosto, as pessoas não trajarão mais as camisetas com as cores nacionais ou não colocarão bandeirinhas em seus carros. Muitos justificam que os políticos não nos dão alegria como o futebol o faz, que no gramado as situações são resolvidas às claras, diferentemente do que ocorre nos corredores do Senado, nas rampas do Congresso... Particularmente, eu acho que se fizéssemos tantas críticas e acompanhássemos com tanta seriedade os nossos representantes, como fazemos com a seleção brasileira, o nosso "time político" seria melhor e nos daria também um certo orgulho. Se levantássemos nossas "bandeiras" por outras causas, como por uma educação melhor, por um sistema de saúde digno, por uma maior honestidade na política, etc., talvez o Brasil fosse reconhecido internacionalmente por vários outros motivos além da reputação esportiva.

1 comentários:

Anônimo disse...

adorei este post, você retratou a questão do "patriotismo do futebol" muito bem. Nós, brasileiros, temos muito orgulho do nosso futebol, que traz uma imensa alegria popular, mas temos que nos concentrar em outros "jogos" muitos sérios.
parabéns pelo post.

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